quarta-feira, 18 de março de 2009

História econômica começou com transporte de banana

Da Reportagem de A Tribuna 14 de julho de 2002

A Escola Estadual Luís Beneditino, situada na Rua Santo Amaro, guarda parte da memória da comunidade. Segundo pesquisas dos professores desenvolvida com os alunos do Ensino Fundamental, a economia do Sítio, no passado, foi fundamental para o antigo Itapema, devido ao transporte de bananas, que ‘‘partiam das várzeas da ilha, passavam pelas gamboas (braços de mar), do Sítio Conceiçãozinha, nos trapiches de embarques existentes no bairro, em 1902’’.

Conforme se apurou, os habitantes eram caiçaras, ‘‘mestiços de escravos e portugueses com índios que viviam nas beiradas dos manguezais e das várzeas de onde tiravam seu sustento, caçavam e viviam da pesca e do cultivo da banana’’. Ainda segundo o pesquisa dos professores, o nome Sítio Conceiçãozinha fora dado pelas jeusuítas. Até os anos 60, as pessoas visitavam a Capela da Virgem Aparecida, semidestruída, nas margens do Rio Santo Amaro.

Na década de 30, o Sítio quase se transformou no primeiro aeroporto da Baixada, com o lançamento da pedra fundamental da Base Aérea. Conta-se que nessa época, além da pesca, o artesanato se constituía em outra fonte de renda das famílias, com a confecção de balaios e cestos, alem de chapéus tipo sombreiro, tudo vendido nas embarcações e navios e, mais recentemente, nas praias. Conforme a pesquisa dos estudantes, o material para confecção dos materiais era tirado das matas nativas.

O sítio era coberto de árvores frutíferas, como jenipapo (que serve para fazer vinhos e licores), cajás, mangas, caquizeiros, jaqueiras e goiabeiras, entre outras. Na década de 60, o Sítio começou a sofrer ataques especulativos de empresários. Era criada a Geloflocos, empresa construída às margens do Estuário, trazendo uma ocupação desordenada. Em seguida, vieram a Dow Química, Iate Club, Cutrale, Cargill, Tecon.

Cemitério

Para Nílton Rafael, da Unipesc, há indícios de ocupação na área em 1898. Segundo afirma, o cemitério indígena, para muitos uma lenda, teria existido na área hoje ocupada pela Dow Química. Conforme o integrante da Unipesc, os laços cristãos com a comunidade se fortaleceram com a construção da Capela Nossa Senhora Aparecida de Conceiçãozinha, nos anos 70. Mas a primeira missa foi rezada ao ar livre, ao abrigo de um pé de jambolão, anos antes, árvore que tempos depois caiu, originando o nome ‘‘missa do pau deitado’’.

Hoje, com o apoio da Sociedade Melhoramentos do Sítio Conceiçãozinha (Somecon), e da E.E. Luís Beneditino, a comunidade desenvolve ações de conscientização ambiental. É uma tentativa de impedir o que aconteceu com o Rio da Pouca Saúde, que corta o núcleo. Assoreado e cercado de palafitas, esse braço de mar ainda respira graças ao trabalho de mutirões de limpeza constantes no núcleo.

Guarujá - BairrosProf. Silvio Araujo de Sousa

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